As labaredas que se projetam acima das plataformas que pontilham o horizonte por toda a extensão do campo de petróleo Cantarell, do México, revelam os problemas que assolam a Pemex, a estatal de petróleo do país.
As chamas, produto da queima de gás indesejado, são um sinal visível de que o Cantarell, que já foi o terceiro maior campo petrolífero do mundo, está envelhecendo e que sua produção de petróleo está diminuindo.
A gravidade do declínio do Cantarell, que começou a acelerar dramaticamente em 2007, pegou a Pemex desprevenida. Nos dois últimos anos, a companhia correu para recuperar o terreno perdido, instalando compressoras e turbinas, mais do que triplicando sua capacidade de injetar o gás dois quilômetros abaixo da superfície do Golfo do México. A Pemex diz que está mantendo Cantarell sob controle, observando que a queda se estabilizou em 12% ao ano - número que muitos analistas consideram difícil de acreditar.
A produção do Cantarell atingiu o auge há sete anos, em 2,2 milhões de barris ao dia. Hoje o campo luta para produzir um quarto deste volume.
Estancar a queda de produção no Cantarell não bastará para revitalizar a Pemex; ela precisará encontrar novas fontes de petróleo. Se não conseguir, o governo do México poderá ter de reduzir dramaticamente o seu orçamento. A receita da Pemex - que depende em grande parte de Cantarell - responde por 40% da renda do governo. Expandir a base tributária do país seria difícil e politicamente impopular.
Percebendo os apuros da Pemex, em 2008 o Congresso aprovou reformas para conferir à Pemex a capacidade de poder potencialmente recompensar uma prestadora de serviços por cada barril de petróleo que produzir assim que os entraves jurídicos forem removidos, e concede à companhia um pouco mais de liberdade da interferência política.
Muitos analistas e executivos do setor dizem, porém, que essas reformas não bastam para motivar as companhias internacionais de petróleo a ajudar a Pemex encontrar e produzir mais petróleo.
David Shields, analista independente do setor de energia sediado na Cidade do México, disse: "O maior desafio que a Pemex enfrenta está em encontrar e comprovar mais reservas que possam garantir a produção pelos próximos de 20 a 30 anos".
Ele acrescenta: "A Pemex também tem o problema de que a lei mexicana não permite joint ventures. Ela não permite o tipo de trabalho que precisa ser feito e o tipo de acordos e incentivos que a produção em águas profundas exige. As reformas recentes definitivamente não avançaram o bastante".
O governo crê que têm reformas suficientes para mudar a situação, mas depende da Justiça.
A Suprema Corte do país está atualmente julgando a constitucionalidade da proposta da Pemex de adotar contratos que premiam a maior produção. Essa é uma das maiores apostas do governo para atrair companhias estrangeiras. "Eu não tenho dúvidas de que as novas regulamentações da Pemex serão ratificadas pela Suprema Corte", disse a ministra de Energia do México, Georgina Kessel. (Com agências internacionais
"Com petróleo 'secando', México quer reformar Pemex"
- Com petróleo 'secando', México quer reformar Pemex (ver no Google Sidewiki)
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